" Olhei-te. Olhei-te como jamais te tinha olhado . Olhei-te durante horas e do mesmo local não me desloquei. Permaneci ali e tu não notaste na minha persistente presença. Assisti aos teus sorrisos e espantosamente aos teus medos e fraquezas. Outrora não te tinha visto realmente. O meu olhar somente descodificava aquilo que eu desejava ver. Mas hoje não. Tudo o que se situa escondido nessa silhueta máscula e indestrutível foi visto e revisto. Vi-te a perderes o regime direito, encurvando-te para chorar. Sorri nos teus momentos alegres entre amigos e choquei-me nas zangas. Assisti à tua solidão e li todos os teus pensamentos. Espantei-me com o que presenteei. És alguém, és homem. Sentes e desesperas. És tanto por baixo dessa armadura. Mas eu compreendo-te, esconde-te e protege-te. É a tua arma. Agora conheço-te, amor. Esperarei por isto tanto tempo, mas a dor sufocante levou-me à desistência. Dias após o meu fracasso, surge esta surpresa.
Pena não ter sido antes. "
